sábado, 1 de setembro de 2012

Histórico do Judô


O judô é uma arte marcial esportiva. Foi criado no Japão, em 1882, pelo professor de Educação Física Jigoro Kano. Ao criar esta arte marcial, Kano tinha como objetivo criar uma técnica de defesa pessoal, além de desenvolver o físico, espírito e mente. Esta arte marcial chegou ao Brasil no ano de 1922, em pleno período da imigração japonesa.O judô teve uma grande aceitação no  Japão, espalhando, posteriormente, para o mundo todo, pois possui a vantagem de unir técnicas do jiu-jitsu (arte marcial japonesa) com outras artes marciais orientais.
 

XZ
NASCIMENTO
Baseado nesses inconvenientes,um jovem que na adolescência se sentia inferiorizado sempre que precisava desprender muita energia física para resolver um problema, resolveu modificar o tradicional jujutsu, unificando os diferentes sistemas, transformando-o em um veículo de educação física.
Pessoa de alta cultura geral, ele era um esforçado cultor de jujutsu. Procurando encontrar explicações científicas aos golpes, baseados em leis de dinâmica, ação e reação, selecionou e classificou as melhores técnicas dos vários sistemas de jujutsu,juntamente com os imigrantes japoneses dando ênfase principalmente no ataque aos pontos vitais e nas lutas de solo do estilo Tenshin-Shinyo-Ryu e nos golpes de projeção do estilo Kito-Ryu. Inseriu princípios básicos como os do equilíbrio, da gravidade e do sistema de alavancas nas execuções dos movimentos lógicos.
Estabeleceu normas a fim de tornar o aprendizado mais fácil e racional. Idealizou regras para um confronto esportivo, baseado no espírito do ippon-shobu(luta pelo ponto completo). Procurou demonstrar que o jujutsu aprimorado, além de sua utilização para defesa pessoal, poderia oferecer aos praticantes, extraordinárias oportunidades no sentido de serem superadas as próprias limitações do ser humano.
Jigoro Kano tentava dar maior expressão à lenda de origem do estilo Yoshin-Ryu (Escola do Coração de Salgueiro), que se baseava no princípio de "ceder para vencer", utilizando a não resistência para controlar, desequilibrar e vencer o adversário com o mínimo de esforço. Em um combate, o praticante tinha como o único objetivo a vitória. No entender de Kano, isso era totalmente errado. Uma atividade física deveria servir, em primeiro lugar, para a educação global dos praticantes. Os cultores profissionais do jujutsu não aceitavam tal concepção. Para eles, o verdadeiro espírito do jujutsu era o shin-ken-shobu (vencer ou morrer, lutar até a morte).
Por suas idéias, Jigoro Kano era desafiado e desacatado insistentemente pelos educadores da época, mas não mediu esforços para idealizar o novo jujutsu, diferente, mais completo, mais eficaz, muito mais objetivo e racional, denominado de judô. Chamando o seu novo sistema de judô, ele pretendeu elevar o termo "jutsu" (arte ou prática) para "do", ou seja, para caminho ou via, dando a entender que não se tratava apenas de mudança de nomes, mas que o seu novo sistema repousava sobre uma fundamentação filosófica.
Em fevereiro de 1882, no templo de Eishoji de Kita Inaritcho, bairro de Shimoya em Tóquio, Jigoro Kano inaugura sua primeira escola de Judô, denominada Kodokan (Instituto do Caminho da Fraternidade), já que "Ko" significa fraternidade, irmandade; "Do" significa caminho, via; e "Kan", instituto.

 NO BRASIL 
No fim da década de 1910 e início da década seguinte, Takaharu (ou Takaji) Saigo, 4° dan de judô, ensinava a arte na cidade de São Paulo, em sua academia localizada na Rua Brigadeiro Luiz Antonio. Em 1922 e 1923, ele chegou a fazer demonstrações da arte perante personalidades políticas e militares da época e teve alunos tanto japoneses quanto não japoneses. Diz-se que Takaharu Saigo era neto de Takamori Saigo, um dos homens mais importantes da Restauração Meiji no Japão.
O conde Coma (Mitsuyo Maeda), como também era conhecido, fez sua primeira apresentação em Porto Alegre. Partiu para as demonstrações pelos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, transferindo-se depois para o Pará em outubro de 1925, onde popularizou seus conhecimentos dessa arte. Outros mestres também faziam exibições e aceitavam desafios em locais públicos. Mas foi um início difícil para um esporte que viria a se tornar tão difundido.
Um dos primeiros torneios de judô foi realizado no dia 01 de maio de 1931 na cidade de Araçatuba, estado de São Paulo. Organizado por Yuzo Abematsu, 4o dan e ex-professor de judô da Escola Superior de Agronomia de Kagoshima, da Segunda Escola de Ensino Médio e do Batalhão da Polícia do Exército do Japão, o torneio incluiu lutas contra boxe e luta greco-romana.
O judô no Brasil passou a ser organizado e largamente difundido a partir de agosto de 1933, com a fundação da Hakkoku Jûkendô Renmei, a Federação de Judô e Kendô do Brasil, por ocasião do 25o aniversário da imigração japonesa ao Brasil. Do lado do judô, foram membros fundadores as seguintes personalidades: Katsutoshi Naito, Tatsuo Okochi, Teruo Sakata e Zensaku Yoshida.
Nessa época, além dos quatro mestres supracitados, o judô no Brasil contava também com o mestre Tomiyo Tomikawa e com Shigejiro Fukuoka, mestre de jujutsu tradicional. Estes seis mestres eram os principais expoentes do judô na época, dentro do âmbito da Hakkoku Jûkendô Renmei.
Um fator relevante na história do judô foi a chegada ao país de um grupo de nipônicos em 1938. Tinham como líder o professor Ryuzo Ogawa e fundaram a Academia Ogawa, com o objetivo de aprimorar a cultura física, moral e espiritual, por meio do esporte do quimono. Apesar de Ryuzo Ogawa ser um mestre de jujutsu tradicional, chamou de Judô a arte marcial que lecionava quando este nome se popularizou. Portanto, ensinava um estilo que não era exatamente o Kodokan Judo, o que não diminui sua enorme contribuição ao começo do Judô no Brasil. Daí por diante disseminaram-se a cultura e os ensinamentos do mestre Jigoro Kano e em 18 de março de 1969 era fundada a Confederação Brasileira de Judô, sendo reconhecida por decreto em 1972. Hoje em dia o judô é ensinado em academias e clubes e reconhecido como um esporte saudável que não está relacionado à violência. Esse processo  culminou com a grande oferta de bons lutadores brasileiros atualmente, tendo conseguido diversos títulos internacionais.

Graduações (faixas)

No Brasil, as graduações do judô são feitas através das cores das faixas, que são amarradas no quimono (espécie de roupão usado pelos judocas). São elas (de menor nível para o maior): branca, cinza, azul, amarela, laranja, verde, roxa, marrom, preta - 1º Dan, preta - 2º Dan, Preta - 3º Dan, preta - 4º Dan, preta - 5º Dan, Vermelha e Branca - 6º Dan, vermelha e Branca - 7º Dan, vermelha e Branca - 8º Dan, vermelha - 9º Dan, Vermelha 10º Dan.

Cores das faixas no Brasil
Branca Judo white belt.svg
Cinza Judo grey belt.svg
Azul Judo blue belt.svg
Amarela Judo yellow belt.svg
Laranja Judo orange belt.svg
Verde Judo green belt.svg
Roxa Judo purple belt.svg
Marrom Judo brown belt.svg
Preta Judo black belt.svg

TECNÍCAS
O judô apresenta muitas técnicas, agrupadas em (1) nague-waza (técnicas de arremesso), composta por dois subgrupos: o primeiro, tachi-waza (técnicas de projeção em pé), envolve técnicas de ashi-waza (técnicas de perna), te-waza (técnicas de braço) e koshi-waza (técnicas de quadril), enquanto o segundo subgrupo é composto por sutemi-waza (técnicas de sacrifício), dividido em yoko-sutemi-waza (técnicas de sacrifício laterais) e ma-sutemi-waza (técnicas de sacrifício frontais), e; (2) katame-waza (técnicas de controle; normalmente utilizadas no combate no solo) – ossae-waza (técnicas de imobilização), shime-waza (técnicas de estrangulamento) e kansetsu-waza (técnicas de chave articular). Essas técnicas são pontuadas de acordo com a projeção resultante, o tempo de imobilização ou submissão do adversário. A punição do oponente é outro meio de se obter pontuação (MIARKA, 2011). Na aplicação de waza (técnicas), tori é quem aplica a técnica e uke é aquele em que a técnica é aplicada. As técnicas do judô classificam-se em:
  • Nage-waza (técnicas de arremesso, 投げ技)
  • Tachi-waza (técnicas em pé)
  • Te-waza (técnicas de braço, 手技)
  • Koshi-waza (técnicas de quadril, 腰技)
  • Ashi-waza (técnicas de perna, 足技)
  • Sutemi-waza (técnicas de sacrifício, 捨身技)
  • Mae-sutemi-waza (técnicas de sacrifício para frente)
  • Yoko-sutemi-waza (técnicas de sacrifício para o lado, 橫捨身技)
  • Katame-waza (técnicas de domínio no solo)
  • Osaekomi-waza ou osae-waza (técnicas de imobilização, 押込技)
  • Shime-waza (técnicas de estrangulamento, 絞技)
  • Kansetsu-waza (técnicas de luxação, 関節技)


Técnicas de projeção (nage-waza)
As técnicas de nage-waza são normalmente ensinadas em cinco fases, conhecidas por gokyo-no-waza. Essas fases começam pelas técnicas básicas, prosseguindo até as mais avançadas.
Gokyo-no-waza (versão 1934)
Dai-ikyo
  • De-ashi-harai
  • Hiza-guruma
  • Sassae-tsurikomi-ashi
  • Uki-goshi
  • O-soto-gari
  • O-goshi
  • O-uchi-gari
  • Seoi-nage
Dai-nikyo
  • Kosoto-gari
  • Ko-uchi-gari
  • Koshi-guruma
  • Tsurikomi-goshi
  • Okuriashi-harai
  • Tai-otoshi
  • Harai-goshi
  • Uchimata
Dai-sankyo
  • Kosoto-gake
  • Tsuri-goshi
  • Yoko-otoshi
  • Ashi-guruma
  • Hane-goshi
  • Harai-tsurikomi-ashi
  • Tomoe-nage
  • Kata-guruma
Dai-yonkyo
  • Sumi-gaeshi
  • Tani-otoshi
  • Hane-makikomi
  • Sukui-nage
  • Utsuri-goshi
  • O-guruma
  • Soto-makikomi
  • Uki-otoshi

        Dai-gokyo
  • O-soto-guruma
  • Uki-waza
  • Yoko-wakare
  • Yoko-guruma
  • Ushiro-goshi
  • Ura-nage
  • Sumi-otoshi
  • Yoko-gake

Outras waza
Habukareta Waza (técnicas preservadas da primeira versão do Gokyo 1895)
  • Obi-Otoshi
  • Seoi-Otoshi
  • Yama-Arashi
  • Osoto-Otoshi
  • Daki-Wakare
  • Hikikomi-Gaeshi
  • Tawara-Gaeshi
  • Uchi-Makikomi
Técnicas reconhecidas apenas pelo FIJ e não pelo Kodokan
  • Kouchi-Makikomi
  • Obitori-gaeshi
Kinshi-waza (técnicas proibidas em randori e shiai)
  • Kani-Basami
  • Kawazu-Gake
Shinmeisho No Waza (novas técnicas reconhecidas em 1982 e 1987)
  • Morote-Gari
  • Kuchiki-Taoshi
  • Kibisu-Gaeshi
  • Uchi-Mata-Sukashi
  • Daki-Age - Não aceita pela Kodokan.
  • Tsubame-Gaeshi
  • Kouchi-Gaeshi
  • Ouchi-Gaeshi
  • Osoto-Gaeshi
  • Harai-Goshi-Gaeshi
  • Uchi-Mata-Gaeshi
  • Hane-Goshi-Gaeshi
  • Kani-Basami - Não aceita pela Kodokan
  • Osoto-Makikomi
  • Kawazu-Gake
  • Harai-Makikomi
  • Uchi-Mata-Makikomi
  • Sode-Tsurikomi-Goshi
  • Ippon-Seoi-Nage
Técnicas de domínio no solo (katame-waza)
Também chamadas de ne-waza, são um grupo composto que incluem técnicas de imobilizações (osaekomi-waza), técnicas de estrangulamentos (shime-waza) e técnicas de articulação (kansetsu-waza).
As técnicas de arremesso e as técnicas de domínio no solo são inseparáveis, ambas trabalham juntas auxiliando uma a outra para decidir uma vitória ou uma derrota, sendo katame-waza as seqüências de um arremesso, assim as técnicas de nage-waza possuem um grande poder. A melhor e mais correta ordem a seguir no aprendizado das técnicas de domínio no solo é começar com as imobilizações, seguindo com os estrangulamentos e terminando com as técnicas de articulações.
Esforce-se primeiramente no conhecimento das técnicas de imobilização até que os movimentos principais façam parte da reação natural do seu corpo. Esta é a maneira mais eficaz e o caminho mais rápido para progredir nas técnicas de domínio no solo. Desenvolva o seu corpo forte e flexível e um espírito de perseverança.


 

    Técnicas de amortecimento de quedas (ukemi-waza)
    O equilíbrio é a lei primordial que rege o judô. Assim quando se perde o equilíbrio sujeita-se a quedas. E, como é natural, se não soubermos amortecer o contato do nosso corpo com o solo, estamos sujeitos a nos machucar.
    Para evitar isso existe o que chamamos ukemi-no-waza. Saber cair é a base indiscutível das projeções. É necessário um treino metódico e perseverante, para vencer o medo da queda. Essa superação nos permite progredir nos conhecimentos do judô. Assim teremos um espírito aberto para ataque e defesa, aplicando os movimentos com rapidez e precisão. As direções fundamentais para ukemi são:
    • Ushiro-ukemi – queda para trás;
    • Mae-ukemi – queda para frente;
    • Yoko-ukemi – queda lateral, para esquerda ou direita (migui e hidari);
    • Zempo-kaiten-ukemi – rolamento;

    Técnicas de pegada (kumi-kata)
    Para uma eficiente aplicação das técnicas, o judoca deverá procurar a posição adequada, normal ou momentânea, de acordo com o transcorrer da luta, podendo ser natural ou autodefesa.
    • Migi ou hidari-shizentai – posição natural à direita ou esquerda: mão direita na lapela esquerda do oponente e mão esquerda na manga direita do oponente. Para posição natural à esquerda, basta inverter a posição.
    • Migi ou hidari-jigotai – posição de autodefesa à direita ou esquerda: passa-se a mão direita por baixo do braço esquerdo do oponente e coloca-se nas costas dele, e com a mão esquerda agarra-se a manga direita do oponente puxando o braço dele sob a sua axila esquerda. Para posição de autodefesa à esquerda é só inverter a posição.
    Técnicas de movimentação sobre o tatame (shintai)
    São as formas corretas de deslocamento sobre o tatame, salientando os seguintes detalhes: andar descontraidamente, mantendo os joelhos e tornozelos flexíveis, sem cruzar os pés. Deslocar-se em todas as direções deslizando os pés, fazendo o contato com o solo com a borda externa da planta dos pés, calcanhares ligeiramente levantados. Acompanhar os passos de seu oponente, se este empurra você recua, se puxa avança. Se o adversário o puxa, não resista mova-se com ele. Do mesmo modo não resista quando empurrado, se resistir o seu corpo torna-se rígido e perde facilmente o equilíbrio. Movendo-se no mesmo sentido do adversário é-lhe mais fácil controlar o corpo dele e desequilibrá-lo.

    Técnicas de esquiva (tai-sabaki)
    Para uma eficiente defesa contra as técnicas do adversário, deve-se mover o corpo com a máxima leveza, mantendo-se uma constante posição de equilíbrio. É importante lembrar que um trabalho de pés rápido, mas em perfeita estabilidade, é a base de todos os movimentos do corpo, podemos citar alguns movimentos:
    • Migi-mae-sabaki – esquiva à direita para frente;
    • 'Migi-mae-nawari-sabaki – esquiva rodando à direita para frente;
    • Hidari-ushiro-sabaki – esquiva à esquerda para trás;
    • Hidari-ushiro-nawari-sabaki – esquiva rodando à esquerda para trás.

REFERÊNCIAS

 - MARQUES, J.B.; MIARKA, B.; INTERDONATO, G.C.; LUIZ, C.C.Jr. Aspectos históricos do judô olímpico. In: 1º Encontro da ALESDE “Esporte na América Latina: atualidade e perspectivas”, Curitiba, 2008.  

- http://pt.wikipedia.org/wiki/Jud%C3%B4

 

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